top of page
Ativo 30.png

16 anos de vida. Notícias da Frente

A Fábrica do Braço de Prata, como lugar alternativo de concertos, exposições, livros, bailes, conferências,  foi inaugurada em 14 de Junho de 2007. Nessa data o edifício era propriedade, não da Câmara Municipal de Lisboa, mas da empresa Imobiliária Obriverca. Fizemos com ela um acordo de comodato. Ficou então estabelecido que poderíamos ocupar este antigo palacete do sec.XIX sem pagar qualquer renda, na condição de garantirmos o bom estado de conservação do edifício e na condição também de o abandonarmos logo que o proprietário viesse a ter necessidade de o utilizar de novo. 

Sem qualquer subsídio da Câmara, da Gulbenkian ou do Ministério da Cultura, fizemos obras de restauro de pavimentos e caixilharias, reparámos o sistema eléctrico, águas e esgotos, comprámos todo o mobiliário para a livraria e para os bares e, na véspera da inauguração, comprámos um piano de cauda para os concertos. Ao fim de alguns meses a Fábrica do Braço de Prata transformou-se no lugar por excelência da música ao vivo de Lisboa, desde Jazz,  Pop-Rock. Música de Câmara, Fado, Worldmusic. O sucesso foi tal que em Junho de 2008 o Jornal New York Times dedicou uma página inteira do seu dossier sobre Lisboa ao caso desta antiga fábrica de armas transformada em templo de livros, exposições de artes plásticas e concertos.

Em Julho de 2008 o proprietário informou-nos que precisava de utilizar o edifício para aí voltar a fazer o stand de venda dos apartamentos do condomínio de luxo que iria ser construído nos terrenos da antiga Fábrica de material de guerra. Pedia-nos que abandonássemos tudo até final de Agosto. Foi então que fomos confrontados com uma decisão surpreendente da Câmara Municipal de Lisboa. O então Presidente da CML, Dr. António Costa, enviou-nos no final de Julho uma carta propondo-nos que permanecessemos neste edifício tendo em consideração aquilo que ele designava como "o enorme contributo que a Fábrica do Braço de Prata tinha já dado à cultura da cidade de Lisboa". A CML negociou com a Obriverca a cedência de um terreno municipal onde foi então construído o stand de vendas. Ficámos assim com a responsabilidade total do edifício. Porém, como este palacete ainda era propriedade da empresa imobiliária, fomos condenados a residir nele de forma ilegal, isto é, sem qualquer contrato de arrendamento por parte da Obriverca, uma vez que esta se comprometia a, quando transferisse a propridade para a Câmara, deveria entregar este património livre de ónus ou encargos. Desde 2008 que ficámos expostos a todo o tipo de multas - da ASAE, do IGAC, da PSP. 

Só em 2016 o edifício da Fábrica do Braço de Prata passou a ser propriedade da CML. Fomos então abordados pela Direcção do Património para estabelecermos um contrato de arrendamento. Por proposta, formulada verbalmente em reunião connosco em Março de 2017 pelo então Vice-Presidente da CML, Dr. Duarte Cordeiro, foi acordado o valor de renda mensal de zero euros. Desde então estamos à espera que a CML assine connosco um tal contrato de arrendamento. Recentemente, num programa de televisão dedicado à Fábrica do Braço de Prata, um representante da Câmara afirmou que ocupávamos, desde 2007, e de forma ilegal, um património da CML, e que nos recusávamos a assinar um contrato de renda. Neste ano de 2023, o ano conhecido como "o ano de todas as mentiras", a Fábrica fica fragilizada com esta mentira descarada de um representante da Câmara - a) ao contrário do que ele afirma, em 2007 o edifício era da Obriverca com a qual tinhamos estabelecido um acordo de comodato, b) nunca nos recusámos a assinar um contrato de arrendamento com a CML a partir de 2016.  Felizmente, porque não estamos numa comissão de inquérito onde o falso é refutado sempre por algo mais falso,  a realidade da Fábrica está para lá de todas essas mentiras. 

Sempre sem contrato com a CML e sempre cercados por multas, chegámos ao 16º aniversário da Fábrica do Braço de Prata. Vamos festejar este triunfo com concertos, bailes, exposições e uma grande palestra sobre o futuro deste lugar de (r)existência único. Venham  celebrar connosco. 

2d1857316c079c79a39b8afa8bd410d8-1.png
bottom of page