FESTA DE ANIVERSÁRIO DA FÁBRICA DO BRAÇO DE PRATA
Sexta-feira, dia 17 de Junho, para celebrar 15 anos de (r)existência
Sempre que nos aproximamos da data de mais um aniversário somos assaltados pela mesma sensação de vertigem que marcou o dia da nossa inauguração. Iremos conseguir dar o salto sobre o abismo? Seremos capazes de garantir a existência da Fábrica por mais um ano? Teremos condições para continuar a receber cerca de 40 concertos por mês pagando aos músicos apenas com o resultado da bilheteira no final de cada noite? E existirão ainda mais de 50 artistas plásticos que, ao longo do ano, queiram apresentar os seus trabalhos nas nossas salas sem terem a garantia de vender uma única obra? A Câmara Municipal de Lisboa continuará a proteger esta aventura aceitando que habitemos este antigo edifício da administração da Fábrica de material de guerra? A renovação imobiliária de Marvila irá tolerar a sobrevivência desta profanação de todas as leis do mercado, mesmo no centro da Lisboa do século XXI?
E, como no primeiro dia, a 14 de Junho de 2007, existe uma força muito maior que nós que nos empurra para a frente, para o desconhecido. Hoje sabemos que essa força não vem de trás. Não é o que já conseguimos fazer que nos inspira. E já fizemos o que pareceria impossível - como, ao longo destes 15 anos, passar mais de 2 milhões de euros dos bolsos das pessoas que pagam a entrada para assistirem aos 4 ou 5 concertos de cada noite para os bolsos dos mais de 3.000 músicos que aqui alguma vez tocaram. Acolhemos mais de 1.000 exposições, onde foram vendidas obras no valor aproximado de 200 mil euros. Montámos uma enorme tenda de circo onde couberam concertos para mais de 3.000 pessoas. Fizemos dos nossos muros a primeira galeria de Grafitti do país. E tudo isso quase se evaporou, tudo isso pareceu subitamente ser irreal. De facto, nos últimos anos, a Fábrica foi condenada a ser a sombra de si mesma com a chegada, primeiro, da Troika e o seu saque sobre o que seriam as nossas dívidas soberanas, depois, com o inferno do vírus e dos confinamentos infinitos. O que nos inspira hoje, é tudo o que se tornou de novo possível fazer. Somos empurrados por aquilo que ainda não existe e que tem a forma do imprescindível.
Para celebrar este renascimento da Fábrica queremos fazer do dia em que cumprimos 15 anos de (r)existência uma festa até de madrugada. Começaremos às 19h, com o Baque Mulher, grupo de percussão residente na Fábrica. Depois, às 21h, será o espectáculo do Théâtre Jaleo (França) instalado no parque de estacionamento das Autocaravanas. Às 21h30, Júlio Resende, o músico fundador das sonoridades Jazz na Fábrica, retoma a mais antiga tradição da nossa agenda - os concertos para piano bem temperado, bateria e contrabaixo das sextas-feiras. Às 22h30, na sala Prado Coelho, os Bela Ensemble, dão a conhecer a mais recente tradição da Fábrica, o ciclo Fado Fatal também às sextas, com Ana Margarida. Às 23h00, João Ventura (piano e voz) e Rogério Pitomba (bateria) trazem todo o imenso património da música brasileira para a sala Foucault. Nicole Eitner, outro dos monumentos que atravessaram os nossos 15 anos de vida, prolonga ao piano e na voz a chama de Júlio Resende deixada na Sala Nietzsche. Na sala Visconti, a partir das 22h00, retoma a percussão do grupo Baque Mulher como convite ao baile até de madrugada com mais música e com as nossas projecções video de memórias soltas da Fábrica. Ainda nesta festa a Fábrica inaugura a exposição de Francisco Biguino na sala Kandinsky, a par com as exposições já patentes de Inês Pargana na sala Deleuze, Carolina Marques na sala Duras e a exposição de Joaquim Leal na sala Eduardo Prado Coelho, sala onde acontecerá uma leitura/actuação do texto Cassandra de Balaclava pela companhia de teatro residente Anthropos, a par com duas sessões de poesia na livraria por Mati, uma banca do colectivo Tektonika na sala Rilke e para terminar uma feira do livro onde podemos encontrar edições novas e manuseadas entre os 1 e os 10€.